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OpenType: a solução definitiva, ou apenas mais um padrão?
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(artigo originalmente publicado no site Aranha Internet e design)

Fábio Carvalho
15/7/2000

Após muito tempo de "guerra" entre a Adobe e a Microsoft, na disputa para se saber quem conseguiria implantar seu formato de fontes (respectivamente PostScript Type 1 e TrueType) como o padrão de mercado, as antigas rivais uniram forças para criar um novo formato, chamado OpenType, que promete trazer muitas vantagens sobre os formatos anteriores.

O que é OpenType?

O OpenType, também conhecido como TrueType Open versão 2, é uma extensão do formato aberto TrueType da Microsoft, ao qual foi adicionado suporte ao formato Type 1. Uma fonte OpenType pode conter dados Type 1 apenas, dados TrueType apenas, ou ambos. Este formato começou a ser desenvolvido no final dos anos 90.

Os dados Type 1 podem ser compreendidos por um programa que trabalhe com o Type 1 (como o Adobe Type Manager), ou ser convertido para dados TrueType para ser compreendido por um programa que trabalhe com este formato.

Na verdade, este novo formato é uma combinação dos dois formatos existentes em um único "pacote", projetado para dar suporte às aplicações dos tipos na tela e impressão. Adicionalmente, o formato OpenType apresenta um formato de compressão dos dados que o torna especialmente relevante para a Internet, tornando o download das fontes fácil e rápido.

Além de livrar os usuários de fontes das preocupações com conflitos de fontes, este novo formato traz novos recursos tipográficos avançados como letras maiúsculas pequenas, algarismos numéricos em "estilo antigo" (caixa baixa), ligaduras e letras maiúsculas especiais.

Um pouco de história

A "guerra" das fontes começou quando o PostScript Type 1 foi desafiado pelo formato rival TrueType, criado pela Apple e endossado e defendido pela Microsoft.

A Adobe mantinha a especificação do Type 1 em segredo, e as fontes Type 1 disponíveis eram tipologias caríssimas criadas exclusivamente pela Adobe e suas licenciadas. A Apple e a Microsoft, por sua vez, publicaram a especificação do formato TrueType desde o início, e inundaram o mercado com fontes baratas.

Como resposta, a Adobe abriu o formato Type 1 para desenvolvedores, mas uma vez que o TrueType era o formato nativo do Windows e do Mac OS, o Type 1 teve que coexistir com o TrueType, e vários problemas começaram a surgir quando um documento criado com um formato era enviado para um bureau que usava o outro formato.

Em seguida, veio a bandeira branca, e a Microsoft e a Adobe partiram para uma iniciativa comum, logicamente não por uma questão ética ou de preocupação com os consumidores finais... Mas sim por questões puramente comerciais. Os designers profissionais se mantinham fiéis ao Type 1, e a Microsoft queria atraí-los para o Windows. A fontes TrueType baratas dizimaram boa parte do mercado do Type 1, e a Adobe queria tornar o Type 1 de fácil acesso aos usuários comuns. O resultado foi a convergência para um formato comum, o OpenType.

Como estão as coisas até agora

O objetivo inicial da Adobe e Microsoft com o OpenType era criar um formato de fontes que permitisse aos usuários Windows trabalhar com fontes Type 1 sem ter que instalar qualquer software especial.

Mas as duas empresas foram além, acrescentando recursos tipográficos avançados inexistentes nas suas versões anteriores. Uma aplicação que suporte o formato OpenType poderá oferecer, por exemplo, ligaduras, letras maiúsculas pequenas de verdade, e vários outros recursos como estes em um único arquivo de fonte, ao invés de obrigar ao usuário usar vários arquivos diferentes, o que poderia gerar problemas na hora em que o trabalho era enviado para um bureau.

O OpenType foi anunciado em 1997, mas só agora começa a mostrar "sua cara", no Adobe InDesign e no Windows 2000 Professional.

Só para dar uma ideia, o Windows 2000 Pro vem com a fonte Linotype Palatino em quatro pesos diferentes, cada qual com mais de 1.800 caracteres, tudo em uma única fonte, incluindo maiúsculas pequenas, algarismos em estilo antigo, caracteres gregos e cirílicos, e um impressionante conjunto de ligaduras incluindo o "ch" alemão e raridades como "fj" e "fft." Há também pares de letras como "Qu" com o Q se estendendo por baixo do u — um refinamento raramente visto desde os tempos dos tipos metálicos!

O Windows 2000 Pro também marca o fim da "guerra" dos formatos de fontes ao incluir suporte para ambos TrueType e Type 1, embora a Microsoft tenha feito quase nenhuma propaganda deste fato. Quando você instala uma fonte Type 1 no Windows 2000, esta aparece nos menus e podem ser impressas em qualquer aplicativo. As versões anteriores do Windows precisavam ter o Adobe Type Manager (ATM) instalado para que fosse possível ver e imprimir fontes Type 1.

Do ponto de vista do usuário, isto significa uma total transparência quanto ao uso de fontes, pois todas as fontes instaladas em uma máquina que suporte o padrão OpenType serão vistas da mesma forma, e em todos os aplicativos. O usuário não precisará mais se preocupar com qual formato de fonte está trabalhando.

Segundo o prometido pela empresas responsáveis por esta iniciativa conjunta, todos os arquivos de fontes existentes no mercado, seja TrueType, seja Type 1 continuarão a funcionar perfeitamente em um sistema OpenType, não sendo necessário nenhum tipo de conversão destes formatos anteriores para o atual.

Embora a Microsoft e a Adobe já tenham anunciado que irão promover e incentivar o desenvolvimento de fontes neste novo formato, há também a promessa do formato OpenType continuar suportando fontes nos formatos anteriores indefinidamente.

O que muda para a Web?

O objetivo é que com o formato OpenType os desenvolvedores Web possam incluir fontes de alta qualidade em suas páginas.

O resultado final será que os designers para Web poderão criar documentos mais ricos, dispensando, por exemplo, o uso de imagens para títulos e destaques que usam fontes especiais, e ao mesmo tempo sem que isso cause um aumento no tempo de download de cada página.

A Microsoft e a Adobe irão submeter conjuntamente ao World Wide Web Consortium (W3C - o consórcio que cuida da padronização dos formatos usados na Web) um projeto de padronização para que fontes OpenType possam ser embutidas em páginas Web de forma transparente para o usuário final.

O que vem por aí, de concreto?

Como isso tudo irá impactar nossas vidas como designers só o tempo dirá. Já vimos muitos formatos e padrões promissores, não apenas neste território, que não deram em nada.

Ninguém pode prever como os usuários irão reagir à necessidade de se envolver com um novo formato, uma vez que por enquanto apenas o Windows 2000 Pro suporta de forma nativa o OpenType. E como sabemos, este sistema operacional dedica-se muito mais às redes e aplicações corporativas pesadas, do que aos designers e usuários finais.

Temos também que aguardar para saber se o W3C irá aprovar a proposta de uso do OpenType como padrão para Internet antes de nos preocuparmos com o que terá de ser feito para usá-lo na Web.

Há o mistério do porquê a a própria Microsoft ter feito pouca propaganda sobre o fato do OpenType já ser suportado pelo seu novo sistema operacional. O que ela estaria aguardando? O Windows Millenium?

Será que o suporte aos formatos antigos será realmente eterno? O importante agora é saber que este novo padrão está chegando, e ficar de olho para saber se ele vai "pegar" ou não.

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