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De Lá para Cá...

Fábio Carvalho
junho/2015
texto escrito para o catálogo da exposição Rejunte
 

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A exposição Rejunte surgiu a partir de um convite do curador Marco Antonio Teobaldo, que esteve em Lisboa em fevereiro deste ano, e acompanhou por alguns dias o projeto de Intervenção Urbana APOSTO que eu desenvolvia na Residência Artística HS13rc.

A Residência Artística HS13rc foi um projeto 100% independente que eu decidi empreender, com a intenção de provar para mim mesmo, e talvez para quem mais quisesse dar ouvidos, que é possível se tocar um projeto artístico longe de casa, até mesmo no exterior, sem depender necessariamente de apoio logístico e financeiro de algum órgão ou instituição cultural.

Quando eu comecei minha prática artística em meados dos anos 1990 o país atravessava uma das suas mais profundas crises econômicas. Por essa época mal havia um sistema de arte, menos ainda um mercado de arte. Os artistas que estavam começando naquela época eram muito mais independentes e empreendedores do que eu percebo nos artistas mais jovens de agora. Fazia-se muito com praticamente nada de que dispúnhamos.

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Uma coisa bastante comum era ver artistas se juntarem em grupos para produzir as suas próprias exposições, em espaços “oficiais” ou não. E tivemos exposições incríveis assim, e que são até hoje lembradas. E agora, em um movimento que já dura mais de 10 anos, multiplicaram-se as galerias comerciais; há feiras de arte de porte internacional, temos centros culturais que se tornaram instituições poderosas; as bienais também se multiplicaram. Temos agora tantas exposições que em noites de abertura é preciso abrir mão de algumas.

É por isso, talvez, que os artistas tenham sentido que era a hora de aproveitar mais a maré institucional, pois realmente dá muito trabalho e muita canseira, fora o grande peso financeiro, produzir eventos independentes, ainda mais agora que tudo em nosso país ficou caríssimo. Não acho essa postura em nada errada! As instituições são importantes e, muitas delas, fundamentais. É preciso que existam, para que haja um sistema de arte sólido. A questão é: elas não podem ser o único horizonte possível. Eu vejo muito artista iniciante que, depois de ter passado dois ou três anos em uma escola de arte, não consegue pensar em nada além de fazer parte do elenco de uma galeria, participar das feiras e se aproximar de curadores e agentes “badalados”.

O que quero dizer com tudo isso é que, além desse “sistema oficial”, pode e DEVE existir também uma cena mais independente, com movimentos que nasçam da iniciativa dos próprios artistas. Estes movimentos acontecem ainda (não tanto quanto antes), mas deveria haver muito mais! Não apenas iniciativas de artistas novos buscando seu lugar ao sol, mas de todos. Artistas veteranos também deveriam bancar ações independentes e fora do crivo institucional oficial.

Iniciativas que partam inteiramente dos próprios artistas são necessárias para renovar a cena artística, pois geralmente a paisagem oficial é mais fechada, viciada, tende a repetir nomes e temas. São os artistas que devem apontar os novos caminhos, indicar as novas questões...

o artista não depende da instituição, o artista É A INSTITUIÇÃO
Fábio Carvalho

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