Fábio Carvalho apresentará a obra Parada Monarca. Os "Monarcas" são impressões com tinta acrílica em folhas de papel de seda branco, de tamanho aproximado ao de uma bandeirinha das festas de São João. A impressão foi feita com o uso de carimbos de borracha produzidos à mão pelo próprio artista, a partir de um desenho original de sua autoria de um soldado em uniforme camuflado, com asas de borboleta saindo de suas costas.
O "Monarca" do título é uma referência à borboleta monarca (Danaus plexippus) recorrente em seus trabalhos.
O uso da borboleta monarca nos trabalhos do artista por estas serem normalmente associadas ao universo feminino, frágil e delicado, que em oposição aos símbolos usualmente aceitos como masculinos, de força e virilidade, como os militares, formam a principal dialética de sua produção artística, que procura levantar uma discussão sobre estereótipos de gênero, e questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir.
O título da obra, "Parada Monarca", é alusivo à formação que as "bandeirinhas" de soldados ficam na montagem, tal qual
a formação de um desfile (parada) militar, e também um jogo de palavras com a impossibilide destes
soldados ficarem realmente parados, ordeiros, seguindo ordens, sem desvios de conduta, como se espera de um militar, pois devido à leveza do
material, qualquer deslocamento de ar os fará "voar", tornando o trabalho altamente cinético e ruidoso.
O trabalho, além da discussão de estereótipos de gênero, também chama a atenção para uma crescente naturalização e banalização da violência no Brasil. Os "Monarcas" foram criados em 2014, quando da ocupação da favela da Maré (RJ) pelo Exército, o que em 2017 se tornou uma intervenção militar de toda a cidade do Rio de Janeiro, com resultados questionáveis, e em alguns momentos, desastrosos.
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