| abertura 1/07/2003 - 20h  | 2/07 a 2/08 2003 | seg/sex 10h - 19h; sáb 10h - 14h |
| léo bahia arte contemporânea | [31] 3286-2055 | av raja gabaglia 4875 | Santa Lúcia | BH | MG |

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A exposição Belo Horizonte Turístico apresenta trabalhos inéditos realizados entre 2002 e 2003. O núcleo central da exposição é a série Paisagem Assistida (o retorno da aura), constituída de desenhos com caneta de retroprojetor sobre acrílico, que têm como referência cartões postais e fotografias de revistas de turismo, onde são mostrados pontos turísticos de Belo Horizonte. As imagens referência dos desenhos estão afixadas por baixo da placa de acrílico. Este trabalho é um híbrido entre a fotografia e o desenho, uma combinação destes dois, constituindo uma nova imagem, que depende de ambos.

Como o desenho acontece sobre uma placa de acrílico, ao invés de diretamente sobre a imagem, ele “flutua” sobre a imagem, como se fosse a “aura perdida” das imagens técnicas reprodutíveis, conforme observado por Walter Benjamin, no célebre ensaio “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. Este trabalho, de uma forma nostálgica, devolve à imagem reproduzida aos milhares, cansada, gasta, que já circulou infinitamente, a possibilidade de integrar o mundo dos objetos auráticos, dos objetos únicos.

Já cada trabalho da série O Invisível na Fotografia foi realizado com várias fotos batidas nas ruas de Belo Horizonte, a partir de um ponto de vista fixo, em intervalos de tempo variáveis. Nas cenas fotografadas, havia sempre objetos em movimento (pessoas, carros, etc.). Posteriormente, as fotos foram digitalizadas e superpostas.

Ao se realizar esta fusão, cria-se uma simultaneidade entre os vários tempos apresentados nas fotos. Não se pode mais dizer qual "objeto" corresponde a qual "tempo" da seqüência original. Temos todos os tempos juntos, num único instante novo, que nunca aconteceu. A foto, tida como um recorte instantâneo do real, não se presta mais a este fim, não é mais um testemunho de um evento singular no tempo. Há uma dinâmica cinemática nestas imagens, embora tudo continue fixo, preso à superfície.

Os três "mapas" de Belo Horizonte, apresentados nesta exposição, são complementares e opostos na natureza de suas origens e criação. Cartografia Subjetiva - Belo Horizonte / março 2003 origina-se de um mapa impresso em grande quantidade, para ser distribuído aos turistas que chegam à cidade. Neste mapa, foi traçada com caneta esferográfica a rota dos meus deslocamentos pela cidade, ao longo dos seis dias passados em Belo Horizonte em março de 2003. Posteriormente, todo o resto do mapa que correspondia às ruas não atravessadas foi "apagado" com tinta branca.

Fez-se assim um recorte pessoal de um universo mais amplo e genérico; a transformação de um objeto múltiplo e utilitário, que é uma carta aberta a múltiplas possibilidades, em algo particular, único, em um índice pessoal.

Cartografia Fragmentária - Belo Horizonte foi realizado a partir de pequenos mapas de localização (hotéis, imóveis, parques, cursos, etc) de impressos e internet. Estes pequenos fragmentos da cidade foram colados em uma superfície branca, do mesmo tamanho de um mapa real de Belo Horizonte, exatamente na posição onde estariam neste mapa completo da cidade.

A partir destes fragmentos, a cidade é reconstruída de forma incompleta e imperfeita, numa releitura pulverizada, caótica e multidimensional da cidade, mais próxima da experiência urbana atual. Um mapa tradicional, com apenas uma face e estático no tempo não consegue mais dar conta da velocidade e multiplicidade da vida contemporânea.

Paisagem Visitada - Belo Horizonte é um "mapa/desenho" feito com alfinetes de mapa pretos, afixados sobre uma superfície branca. Cada alfinete indica um local de Belo Horizonte onde já estive desde a minha primeira estada na cidade em meados de 2000, até março/2003, período do processo de pesquisa e levantamento de material para a exposição "Belo Horizonte Turístico". A posição de cada alfinete foi determinada a partir de um mapa real de Belo Horizonte, do mesmo tamanho do trabalho final, exatamente onde estes locais estavam naquele mapa original. O acúmulo de indicações de situações rotineiras (como almoçar em um restaurante, visitar alguém, visitar pontos turísticos, museus, galerias, idas à bares e cafés, livrarias, fazer compras, etc) acaba gerando um desenho que não foi orientado por uma "vontade" estética, mas sim por necessidades alheias ao trabalho.

Estes trabalhos, que muito embora integrem séries distintas e se apresentem de formas variadas, estão todos relacionados por um tema único: a própria cidade de Belo Horizonte, mas não mais a metrópole ofertada a todos de forma impessoal e genérica, mas sim uma outra cidade, a minha Belo Horizonte, reconfigurada e transformada de forma ativa através daquilo que vejo, registro e acumulo, processados pela minha experiência sensível e afetiva.

Fábio Carvalho, abril 2003


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