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Fernando Bacellar

 




depoimento de Fernando Bacellar

8 de novembro de 1999

Em 1951 minha mãe empregou uma jovem mulata muito vistosa, de nome Delfina Miranda de Oliveira, para lavar a roupa pesada, quer dizer, banho e cama. Naquela época mamãe tinha uma filha e a mulata, viúva do primeiro casamento e casada pela segunda vez, já tinha alguns filhos para criar. Tempo vai, meus pais tiveram mais cinco filhos, dos quais sou o último. A Delfina foi ficando. Ela lavou e depois trabalhou como passadeira para minha mãe por 38 anos, até ficar doente e falecer, em 89. Em 62, quando cheguei por aqui, ela estava mais que estabelecida.

A Delfina era mais conhecida no Salgueiro como Finoca, aquela que em 1947, substituindo a porta-bandeira oficial da escola, deu à luz em plena Avenida Rio Branco no meio do desfile da então Azul e Branco do Salgueiro. Por conta desse episódio, o Haroldo Costa dedicou à sua memória um extenso parágrafo no seu "Salgueiro, Academia de Samba", mais exatamente na página 46. Vale a pena conferir.


mamãe e Delfina

Todas as semanas, uma vez por semana, a Delfina (Finoca) trazia a alegria e a honra de ser salgueirense para dentro da minha casa, além da trouxa de roupas e muitos filhos, mais de dez. E netos também. Minha mãe sabe que a Delfina (Finoca) passou por poucas e boas, mas não lembro dela reclamar da vida, nem brigar comigo, nem de mal-humor, pelo contrário.

Mesmo depois que seu marido se desligou da Ala dos Compositores do Salgueiro e se transferiu para a Império da Tijuca ela, sem deixar de apoiá-lo, manteve-se fiel à bandeira alvi-rubra até o fim. A Velha Guarda do Salgueiro ainda se recorda dela.

A convivência com a Finoca não deixou nem sombra de escolha! Nunca pensei em optar por uma escola ou outra, não teve essa coisa de um desfile em particular que me cativasse. Era claro, só dava Salgueiro dentro de casa. Não bastasse eu ter nascido e me criado na Tijuca! Salgueiro antes do início e depois do fim!

Feliz de quem tem o Salgueiro no coração!

A propósito, a filha que a Delfina teve na avenida, a Adelaidinha, se tornou avó neste ano de 1999.




Gustavo Melo
Alexandre da Comissão
José Carlos



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